FEITO DE BARRO




Na folha inata 

O poeta retrata 
A sua solidão; 
Caneta à mão 
E um olhar profundo 
Olhando o mundo 
De vida renhida 
Como se olhasse 
Uma grande ferida! 

Olhando o mundo, 
O mundo bizarro, 
Ele expressa a dor 
De ser feito de barro. 
Ah se o poeta 
Fosse feito de cobre! 
Seria mais rico 
Ou seria mais pobre? 
Seria condutor 
Do mais puro amor? 
Ou seria um entulho 
Do mais puro orgulho? 

Além do mais 
Teria mais paz?... 
Deus sabe o que faz 
O poeta é de barro 
E não volte atrás. 
De um barro tão belo 
Resistente ao calor; 
De um barro singelo 
Nas mãos do Senhor! 

Feliz do poeta
Que é feito de barro!
Humilde e pequeno
Como um simples jarro;
Mas que dentro dele
Traz toda beleza,
Traz todo esplendor...
Pois traz a essência 
De seu Criador!

ANTONIO COSTTA

QUEM ESCUTA A VOZ DO RIO?



POEMAS SOBRE O RIO PARAÍBA


RIO PARAÍBA

 Rio Paraíba
sangrado
saqueado
estuprado.

Rio Paraíba
desmatado
cercado
e esbarrado.

Rio Paraíba
invadido
extraído
poluído.

Rio Paraíba
controlado
minguado
privatizado.

Rio Paraíba
que saudade
da liberdade...
da integridade!

Rio Paraíba
berço da vida
água bebida...
que saudade!

ANTONIO COSTTA

 


ESSE RIO QUE EXISTE AGORA

Esse rio que existe agora
tão diferente na lida,
será o mesmo d'outrora,
da nossa infância querida?

Esse rio que existe agora
d'água suja, poluída,
será o mesmo d'outrora
ou é outro rio sem vida?

Esse rio que existe agora
sem ter mais força no ventre,
será o mesmo d'outrora
ou corre morto somente?

Esse rio que existe agora,
sem árvores em suas margens,
será o mesmo d'outrora
ou será uma miragem?

Esse rio que era tão limpo,
d'água pura, cristalina,
não sacia mais a sede
desta terra nordestina!

Esse rio que era tão cheio
de tilápia e de pial,
por que está assim deserto?
Nos responda o homem mal!...

ANTONIO COSTTA




  
  QUANTO VALE A AREIA DO RIO?

Quanto vale a areia do rio
que a natureza juntou?
anos e anos, a fio,
tesouro que ela guardou.

Quanto vale a areia do rio
onde o vento deita e rola?
Quanto vale a areia do campo
onde eu brincava de bola?

Quanto vale, queremos saber,
a areia do Rio Paraíba?
que estão, todo dia, a vender,
agredindo o leito, a vida!

Quanto vale a areia do rio?
Entregue em troca de nada?
Ou vendida a preço d'ouro,
tesouro da terra amada!

Por homens gananciosos
que fazem negociata.
Quanto vale a areia do rio,
do rio que se fere e mata?!

ANTONIO COSTTA


RIO PARAÍBA DO NORTE

Paraíba do Norte, oh rio Paraíba!
Quem te prendeu na barragem Acauã?
Cadê tuas águas? O teu grande afã?...
Quem foi que te fez franzino na vida?

Quem foi que arrancou tuas plantas das margens?
Quem foi que enfiou essa draga em teu peito?
Quem te carregou toda areia do leito,
Deixando-te assim, quase uma miragem?...

Rio Paraíba do Norte e da morte
Outrora tão cheio, tão bravo, tão forte!
Hoje tão frágil diante de mim...

Onde eu menino, banhei-me em tua água,
Pesquei camarão, piaba e tilápia...
Hoje tão seco... Será o teu fim?!...  

ANTONIO COSTTA


 

O HOMEM NÃO É UM BICHO
O homem não é um bicho,
mas se torna um bicho-homem;
quando ele polui o rio
das águas que ele consome!

O homem não é um bicho,
mas perde todo renome;
quando ele polui as águas
dos peixes que a gente come!

O homem não é um bicho,
mas esse nome faz jus;
quando ele joga no rio
o lixo que ele produz!

O homem não é um bicho,
mas se torna um lobisomem;
quando agride a natureza,
não tem outro cognome!

ANTONIO COSTTA


 

CADÊ?...

Cadê os jardins das praças?
- as barracas ocuparam.
Cadê os casarões históricos?
- os homens derrubaram.
Cadê as florestas nativas?
- os homens arrancaram.
Cadê os rios libertos?
- os homens cercaram.
Cadê as águas saudáveis?
- os homens contaminaram.
Cadê as areias do rio?
- venderam pr'um Areeiro.
e cadê os políticos daqui?
- estão contando o dinheiro!

ANTONIO COSTTA

QUE IMPORTA A COPA?


Não estou preocupado 
que o Brasil vença a Copa do Mundo de Futebol;
estou preocupado
é que o Brasil vença o analfabetismo,
a educação sem qualidade,
a pedofilia, o tráfico, as drogas,
a falta de médicos e medicamentos,
a falta de leitos nos hospitais,
a falta de segurança em todo país,
a falta de rodovias construídas,
a falta de aeroportos e portos,
a falta de moradia e de empregos.
Estou preocupado sim
não com mais um título internacional;
mas com o Brasil nacional
que continuará
depois do Mundial.


ANTONIO COSTTA

O CORETO DE ITABAIANA


CORETO DE ITABAIANA COMPLETARÁ 100 ANOS

O coreto central de Itabaiana, que está localizado na Praça Manoel Joaquim de Araújo, estará completando um século de existência em 2014.
O nosso coreto é uma verdadeira obra de arte. Ele foi importado da Inglaterra e inaugurado em 1914 pelo prefeito Manoel Pereira Borges. Ele já foi palco de eventos importantíssimos na história da cidade do poeta Zé da Luz, nas décadas de 1920 a 1950, já que nessas épocas fazia parte do social o passeio nas praças públicas, onde as orquestras tocavam para as famílias que ali se aglomeravam e se encantavam com as músicas, enquanto as lindas jovens trocavam olhares enamorados e bilhetinhos com os jovens rapazes. Nas décadas 60/70, os eventos foram ficando escassos, mas o coreto continuava com toda sua imponência. Ele também foi muito usado pelos políticos, onde servia de palanque para discursos de campanha eleitoral, bem como para apresentação de ilustres personalidades brasileiras que chegavam à cidade.

Às vésperas de completar cem anos de existência o coreto está precisando de uma verdadeira restauração e a praça, onde ele está situado, de uma grande reforma.

Tomara que os políticos da terra de Abelardo Jurema, mestre Sivuca e Vladimir Carvalho , atentem para essa necessidade e que no próximo ano possamos comemorar (sem nenhum constrangimento) os cem anos de existência de um dos maiores e mais bonitos cartões postais de Itabaiana: o nosso coreto.

CONHEÇA MEU NOVO BLOG DE ARTES PLÁSTICAS:

http://antoniocosttapintandopoesia.blogspot.com.br/